Palavras que não saem do meu pensamento...

"Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive...

Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos...

Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Outra vez Natal... Que bom!





Mais uma vez chegou o Natal. Muitas pessoas não gostam desta data - pela melancolia, pela lembrança de pessoas queridas que já moram entre as estrelas, pelo consumismo exagerado que a data sugere...
Eu não. Eu adoro Natal! Para mim, o Natal é a celebração da vida. Nem tanto pelo sentido religioso, mas pela mudança que esta data trouxe à minha vida há quase três anos...

Eu jamais poderia imaginar que meu filho viesse ao mundo numa manhã de Natal. Fazendo juz ao seu nome, meu Mateus nasceu no dia 25/12/2006, às 11h25. Que outro presente de Natal (ou dádiva de Deus) poderia me fazer mais feliz??? Descontados o médico que ficou sem almoço de Natal com a família e o fato de que quase que a minha família teve seu almoço de Natal no hospital, foi tudo só alegria!!!

Assim, pensando na pergunta que o selinho (presente de minha amiga-do-coração Malu me enviou) sugere, resolvi dissertar...

Neste Natal, desejo que daqui pra frente haja muita saúde, união, paz, alegrias, prosperidade. Que a humanidade desenvolva a consciência ecológica, o amor pela Terra-Mãe Gaia, o respeito por esse organismo vivo tão maravilhoso que nos manteve até aqui e que luta para manter-se (e a nós!). Que haja paz entre as raças e os credos do mundo. Que as famílias se unam em prol da educação de seus filhos. Que o dinheiro possa nos servir e não o contrário. Que haja gratidão pelo que temos e aceitação pelo que somos.

Desejo que haja alimento em todas as mesas, água em todas as casas, chuva e sol na medida em todas as plantações, amor nos corações. Que cada "panela velha" encontre sua "tampa torta", e que cada amante possa manter viva sua chama pelo ser amado. Que haja perdão entre as pessoas e que Deus tenha piedade de nós.

Desejo a você, meu filho Mateus, Anjo de Luz que Deus me mandou, muita saúde, e tenha a certeza de que minha preocupação é deixar para você um mundo melhor, pois tenho certeza de que você é uma pessoa melhor que estou deixando neste mundo.

Aqui, enfim, encerro meus votos natalinos... Paz, amor, respeito, perdão.
Feliz Natal!
Feliz 2010!!!

("É tudo novo de novo! Vamos mergulhar do alto onde subimos!!!
(...) Vamos terminar inventando uma nova canção,
nem que seja uma outra versão" - Paulinho Moska)


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O guardador de rebanhos



(Alberto Caeiro, 1911)
I Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se ao meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes (...)

Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.

Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outreiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.

Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me veem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outreiro.
Saúdo-os e desejo-lhes o sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural -
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.

II O meu olhar é nítido como um girassol
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que antes eu nunca tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...

(...)
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
(...)

V (...)
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

(...)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e o sol e o luar
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhes flores e árvores e montes e sol e luar,
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o reconheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?)
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhes luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda hora."

(Imagem: http://fotosfr.blogs.sapo.pt/arquivo/por-do-sol-bl.JPG)

"Um violeiro toca..."



Quando uma estrela cai
No escurão da noite
E um violeiro toca suas mágoas
Então os "óio" dos bicho
Vão ficando iluminados
Rebrilham neles estrelas
De um sertão enluarado...

Quando o amor termina
Perdido numa esquina
E um violeiro toca sua sina
Então os "óio" dos bichos
Vão ficando entristecidos,
Rebrilham neles lembranças
Dos amores esquecidos...

Quando o amor começa,
Nossa alegria chama,
E um violeiro toca em nossa cama...
Então os "óio" dos bichos
São os olhos de quem ama,
Pois a natureza é isso,
Sem medo, nem dó, nem drama...

Tudo é sertão,
Tudo é paixão
Se um violeiro toca...

A viola, o violeiro e o amor
se tocam...

(Letra de Almir Sater e Renato Teixeira. Imagem de http://www.sorria.com.br/)


Sentidos...



Não quero seu sorriso,
Quero sua boca no meu rosto,
Sorrindo pra mim.

Não quero seus olhares,
Quero seus cílios nos meus olhos,
Piscando pra mim...


Não quero seu suor,
Quero os seus poros na minha pele,
Explodindo de calor...



Transfere pro meu corpo
Seus sentidos, pra eu sentir
A sua dor, o seu gemido,
E entender porque quero você...

(Zélia Duncan e Christian Oyens)